Às vezes tudo que a gente precisa é de um cafezinho e uma livraria

Quando a solução para o desânimo está em algo simples

Já faz um tempo que um dos meus maiores luxos emocionais de baixo custo tem sido a combinação perfeita: um cafezinho e uma livraria. O primeiro passo é escolher um lugarzinho novo para me aconchegar, apreciar um café e, de vez em quando, um chocolate quente — especialmente no inverno. A sensação que tenho é a de estar sendo consolada — de algo que, às vezes, nem sei o que é.

O segundo passo: passar na livraria mais próxima. Nem sempre, de fato, leio alguma coisa — às vezes, me contento apenas em observar os exemplares nas prateleiras e imaginar quais serão minhas próximas aventuras literárias. Em algumas ocasiões, levo minha leitura atual para “passear” na padaria — dois passos em um, a melhor das opções. Ainda quero realizar a meta de ir a um parque num dia de sol, com algo para ler, uma pipoca, uma garrafa térmica com algo quentinho e uma almofada debaixo do braço. É a coisa mais simples do mundo, mas nunca faço.

Inclusive, como uma boa jovem senhora, acabei de entrar em um clube do livro aqui na minha cidade. Nunca participei de um antes, mas tenho percebido que cada vez mais pessoas estão aderindo. Resolvi tentar — além de me incentivar a ler algo que talvez eu não escolheria por conta própria, ainda posso conhecer diferentes percepções sobre a mesma história. Pode ser que algum insight surja justamente a partir de uma conversa, algo que talvez não acontecesse se eu guardasse só pra mim o que entendi do enredo. Os encontros serão semanais, em uma cafeteria, com pessoas que nunca vi na vida — mas disso eu já estou acostumada. Entrar em atividades sem conhecer ninguém não me assusta, sou uma boa cara de pau. Acho que vai ser uma experiência interessante.

Para mim, que sou uma pessoa agitada, que fala alto, adora interagir com gente e fazer piadas, esses momentos de calma são quase uma necessidade — um contraponto essencial à minha própria loucura.

Te convido a experimentar, então, a minha versão plus desse momento: em um dia de folga, ao acordar, fazer uma atividade física — no meu caso, normalmente é meu querido Muay Thai ou meu amado ioga — tomar um belo banho já com o corpo endorfinado e, aí sim, após cumprir esse roteiro, partir rumo a um local receptivo, carregando as páginas ainda não exploradas. Ai, que delícia! Dá pra perceber que não é preciso muito para ter um dia bem acolhedor.

Sem contar que ler na companhia de uma bebida quentinha nada mais é do que um descanso ativo. Muitos acham que se recompor é dormir o dia todo ou ficar apenas no sofá rolando o feed do Instagram. É claro que um bom soninho é uma forma de renovar a energia, mas não é a única — e ficar sentado olhando para uma tela, seja a do celular ou a da televisão assistindo a séries, além de não ser considerado um repouso de verdade, pode, na verdade, aumentar ainda mais o cansaço (ouvi isso de um psicólogo). Fora toda aquela questão de passar muito tempo online só consumindo conteúdos feitos para agradar (o famoso algoritmo), o que aprisiona dentro de uma mesma bolha de conhecimento, sem acessar algo novo que estimule conexões nos nossos queridos neurônios.

No fim das contas, este texto não é apenas sobre café ou leitura. É sobre perceber que atitudes simples e acessíveis — como sair de casa, respirar novos ares e viver um momento que aproxime a pessoa de si mesma — podem transformar um dia meio murchinho em momentos de paz e presença. Não é preciso uma super viagem, uma atividade exótica ou uma solução mirabolante para se sentir melhor quando bate aquele tédio da vida. Às vezes, só de trocar o cenário e incluir um pequeno prazer na rotina, já dá pra encontrar um bem-estar genuíno.

Vai por mim: esses pequenos respiros podem mudar o clima de um dia inteiro. E se nada disso der certo… bem, pelo menos rendeu um bom cafezinho. Experimenta e depois me conta como foi.

E se essa reflexão toda não fizer sentido daqui a um tempo, tudo bem: foi só mais uma versão atualizada da Lulu. Adeus.